“O conhecimento de nenhum homem pode ir além da sua própria experiência”. Foi com essa frase de John Locke (filósofo inglês) que o engenheiro Fábio Domingos Pannoni iniciou sua exposição a respeito de projetos, especificações e proteção contra a corrosão nas estruturas projetadas em aço. Ele mostrou ontem à noite, dia 24, no Crea, quais são os objetivos do CBCA – Centro Brasileiro da Construção em Aço, a finalidade do Instituto Aço Brasil e suas entidades que congregam o setor siderúrgico.
Para um auditório repleto, Pannoni, que é bacharel em química pela USP, doutor em engenharia mecânica e ainda consultor técnico da Gerdau, apresentou os sistemas de proteção contra a corrosão nas estruturas metálicas que é uma combinação de água mais oxigênio e poluentes atmosféricos; quais as proteções mais robustas; classificou a agressividade de ambientes atmosféricos propensos à corrosão como os úmidos e poluídos, os marinhos, urbanos, e os rurais úmidos e secos. “Corrosão é um processo espontâneo e muito custoso”, conceituou.
O engenheiro mostrou as normas norte-americanas, as prescrições normativas da ABNT que tratam de projetos de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios. Ressaltou a durabilidade de componentes de aço frente à corrosão, chamou a atenção para os detalhamentos, especificações, critérios e o desempenho para evitar pontos de acúmulo de água e como fazer para aumentar a resistência contra a corrosão.
Segundo ele, os aços patináveis possuem vantagens e limitações. Mostrou como é feito os cálculos dos índices de corrosão e as cidades brasileiras em que esse índice tem uma taxa alta. “Por isso não devemos relaxar na pintura”, disse, considerando que no caso do aço patinável o desempenho é melhor, tem pequena manutenção, menor custo inicial, longa vida útil, beleza, velocidade de construção e benefícios ambientais. Pontuou o aço patinável como o mais resistente à corrosão. “Na dúvida, devemos trabalhar a favor da segurança”, aconselhou.
NBR 8.800 – Normas de referência
O segundo palestrante, Djaniro Álvaro de Souza, mestre em engenharia civil com ênfase em estruturas metálicas pela Universidade Federal de Ouro Preto/MG, em um tempo de 50 minutos discorreu sobre projetos, perfis, dimensionamento das estruturas de aço, a padronização, os grupos de perfis laminados, soldados e especificações de projetos. Reportou-se ao Manual da Construção em Aço, a Norma da ABNT – NBR 8.800 que trata das resistências e dos processos mecânicos com aços especificados.
Apresentou as tabelas de alta resistência das estruturas metálicas, chamou a atenção para os limites de resistência do aço comum ressaltando a classificação dos flexíveis e sua rigidez, os meios de ligação padronizados, ensaiados e projetados que são compostas por chapas, perfis, barras, pinos, parafusos e soldas.
Disse o engenheiro que no Brasil a arquitetura é pouco desenvolvida para estruturas metálicas e que no mercado brasileiro a alvenaria é pouco usada. “Quem pensar usar aço comum no projeto tem que pensar na resistência compatível com o aço que será utilizado”, afirmou. Djaniro deu dicas sobre o sistema misto aço mais concreto que é muito empregado nas construções brasileiras. “É um sistema em que se tem um perfil de aço trabalhando em conjunto ao concreto de tal forma que se tornam um elemento único”, ressaltou.
O engenheiro ainda mostrou sistemas de estabilização nas estruturas de aços, como os treliçados, o perfil de uma laje mista com formato a frio, a montagem de uma forma de aço industrializada e deu dicas importantes sobre a união e vedação das formas antes da concretagem. Também relacionou casos em que ele viu ocorrerem problemas nas obras que não fizeram a espessura correta do concreto para aguentar certas cargas. “Uma estrutura bem projetada é aquela em que a soma do material e serviços possuem o menor custo”, finalizou.