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Engenharia Têxtil: poucos cursos, grande demanda

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Foto: Divulgação UEM

Com quase 200 anos de história, a indústria têxtil brasileira alcançou a posição de 4ª maior parque produtivo de confecções e o 5ª maior produtor têxtil do mundo, segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit). Também, ocupa as posições de 4ª maior do mundo em produção de malhas e jeans, o que faz o país movimentar mais de 1 milhão de empregos diretos e 8 milhões de indiretos, com 75% da produção com mão de obra feminina. Entre 2017 e 2018, houve um crescimento no setor de 2,5%, comparado ao ano anterior. São 27.000 indústrias na cadeia têxtil brasileira.

E quando o assunto é moda, o Brasil é referência mundial em design de moda praia, confecção de jeans (jeanswear) e artigos domésticos (homewear). Nos últimos anos os segmentos de moda íntima (lingerie) e de academias (fitness) também tiveram um crescimento substancial. Além disso, o país é autossuficiente na produção de algodão. São fabricadas cerca de 9 bilhões de peças feitas com o insumo por ano, sendo que 5 bilhões delas são da área de vestuário.

Por isso são grandes as perspectivas de futuro no setor. Até 2021 a estimativa é de crescimento acumulado de 13% do mercado de moda no Brasil, com média de 3,1% ao ano, o que pode levar a um recorde de produção de 6,68 bilhões de peças. Para o ano que vem, a demanda deve superar a oferta.

De olho nesse mercado promissor, o Brasil conta com mais de 100 escolas e faculdades de moda e um dos cursos que começa a ganhar visibilidade, devido à grande demanda do mercado, é o de Engenharia Têxtil, que vai muito além do mercado fashion.

O que faz um engenheiro têxtil?

O trabalho do engenheiro têxtil é fundamental para o desenvolvimento do setor. É esse profissional que cria produtos e processos têxteis, ou seja: fabrica tecidos desde o começo, da escolha da matéria-prima ao acabamento. Além de controlar o processo produtivo de tecidos, o engenheiro têxtil também projeta máquinas que estão envolvidas nessa cadeia de produção. “Nós temos muitas inovações no setor, como a produção de tecidos tecnológicos que evitam as altas temperatura do corpo, tecidos mais resistentes e que não amassam, além de tecidos ecologicamente corretos”, explica o engenheiro têxtil José Celso Oliveira Santos.

Mas o trabalho desse profissional ainda é capaz de desenvolver tecnologias que são utilizadas em outros setores, como o mercado automobilístico e a construção civil. É a Engenharia Têxtil que desenvolve, por exemplo, coletes à prova de balas, joelheiras magnéticas, equipamentos antichamas e mantas impermeáveis para construção. A área da saúde também conta com a atuação do engenheiro têxtil. “Muitas pesquisas estão sendo feitas na medicina no desenvolvimento, por exemplo, de tecidos que possam recobrir órgãos como coração e cérebro, para ajudar na transmissão de impulsos elétricos para que o órgão se restabeleça e funcione de maneira mais adequada. Então, além da engenharia têxtil ser voltado ao mercado da moda, cama, mesa e banho, também tem uma ampla pesquisa na área da saúde”, esclarece.

Alunos do curso de Engenharia Têxtil do Câmpus Apucarana da UTFPR — Foto: Divulação UTFPR

Instituições que oferecem a graduação no Brasil

Em 1996, o engenheiro têxtil José Celso foi um dos primeiros estudantes formado pela Universidade Estadual de Maringá, no campus em Goioerê, no noroeste do Paraná. “Eu me interessei pelo curso em 1992, porque já via um mercado crescente à época e eu também tinha parentes na área, por isso me chamava a atenção. As áreas de engenharia me interessavam bastante e havia poucos cursos no Brasil nessa área, mas o mercado de trabalho era vasto, como até hoje predomina, isso me fez escolher a Engenharia Têxtil”, lembra.

O mercado de trabalho em Engenharia Têxtil é amplo, principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste do país. Existem polos no Agreste Pernambucano, no Ceará, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, e o polo têxtil em Americana, São Paulo. De acordo com a Abit, o setor vem se aquecendo após um declínio resultante da crise econômica nos últimos anos.

No Brasil, os primeiros cursos de engenharia têxtil surgiram na década de 1960, quando o Centro Universitário FEI, atendendo aos pedidos do Sindicato das Indústrias Têxteis do Estado de São Paulo, lançou o curso de Engenharia de Operações Têxteis. Segundo o engenheiro têxtil Juarez Marcos Donner, o curso formava os profissionais que hoje conhecemos como tecnólogos. “Com o tempo o currículo foi reestruturado e em 1965 ele passou a ser incorporado à Engenharia de Operação, e somente em 1987 foi instituído o curso de Engenharia Têxtil no formato de graduação”, observa.

Por se tratar de uma formação relativamente nova, ainda não existem no país muitas instituições de ensino que oferecem a graduação. São apenas seis opções: a Universidade Estadual de Maringá (UEM); Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN); Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Faculdade SENAI-CETIQT e Centro Universitário da Fundação Educacional Inaciana Padre Sabóia de Medeiros (FEI).

Para o engenheiro têxtil José Celso, o setor só tem a crescer. “Vejo o futuro da Engenharia Têxtil extremamente promissor, com as novas tecnologias, que nós já temos, só precisa de mais divulgação.”

Por Geovana Diesel – Jornalista Crea-PR