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Mulheres assumem engenharia alagoana com objetivo de fortalecer fiscalização e unir profissionais

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Eng. Civil Rora Tenório

A eleição do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas (Crea-AL), ocorrida em 1º de outubro acabou com a vitória da engenheira civil Rosa Tenório, a primeira mulher eleita pelos profissionais nos quase 52 anos de história da entidade. O resultado foi um marco para a categoria que nunca chegou a presenciar candidatas para disputar a cadeira mais importante da engenharia alagoana.

A participação feminina na política é uma das questões que têm ganhado destaque. Em comparação a última eleição do Sistema Confea, Crea e Mútua de 2017, o número de mulheres eleitas presidentes de Crea em 2020 duplicou de três para seis. E, apesar da desproporção, houve um avanço rumo à igualdade de gênero.

Nunca foi fácil para uma mulher ser protagonista de uma entidade que historicamente carrega nomes de grandes homens que contribuíram para o desenvolvimento de Alagoas como Manoel Ferri, Olavo Machado, Vinícius Maia Nobre, Luis Abílio, ex-governador do Estado, entre outros.

Dos 8.157 engenheiros registrados em Alagoas, 1.178 são mulheres. Com isso, o Conselho registra uma ocupação de 15% de profissionais mulheres, e é de se imaginar as dificuldades passada para engajar o público feminino em uma profissão que ainda gera preconceitos. Mas o processo eleitoral desde ano foi um grande passo para acabar com essas barreiras ideológicas.

Para Rosa, presidente eleita para o triênio 2021-2023, o pleito desde ano foi atípico pela atual conjuntura que estamos passando.

Eng. Mecânica Aline Ferro

“Estamos vivendo no meio de uma Pandemia que não estava no script de ninguém e o fato de ser a primeira mulher candidata à presidência do Conselho sensibilizou o profissional em nos conceder o voto para conduzir a instituição. Ainda acredito que duas propostas nossas, em especial, foram bem pertinentes para credenciar nossa campanha: buscar novas lideranças jovens, por meio do Crea Júnior, com o objetivo de oxigenar o Sistema e implantar o Programa Mulher, um projeto de nível federal que vamos trazer para Alagoas, criando um comitê específico para também encontrar lideranças femininas”, destacou.


Mulheres no mercado

Apesar de ter a consciência que na sociedade ainda exista esse distanciamento de gênero, Rosa nunca se sentiu vítima desse olhar diferenciado.

“Nunca me vitimei pelo fato de ser mulher na minha profissão. Já ocupei cargos em Alagoas e inclusive no Brasil, sendo presidente do Conselho Nacional dos Controladores. Se ao longo desses próximos três anos, eu também conseguir passar essa independência para todas as mulheres, profissionais ou não do Sistema, eu concluo 2023 satisfeita por ter dado minha contribuição”, concluiu.

E pessoas forte como Rosa também são encontradas na engenharia alagoana, como é o caso da engenheira mecânica Aline Ferro, que escolheu sua profissão ainda criança, brincando na oficina de seu pai. Ela destaca a militância de pensamentos retrógrados vindos de colegas de profissão e até de dentro de casa.

“A minha profissão é uma forma de liberdade. Depois de muitos sacrifícios e obstáculos vencidos, hoje minha maior certeza é de que tudo valeu a pena. Não é fácil, é uma luta diária, pois ainda hoje encontramos muitos homens trabalhando na área da mecânica e com o pensamento machista. Meu pai não queria que eu fizesse engenharia mecânica, mas eu resolvi pular suas vontades e hoje trabalho e administro a oficina dele”, destacou Aline.

Independente e experiente, a geóloga e professora da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Rochana Campos de Andrade, garante que não existe segredo para alcançar o espaço no mercado de trabalho. O que vai determinar isso é o conhecimento da profissional. Logo, a respeitabilidade dos colegas é conquistada.

Geóloga Rochana de Andrade

“Na minha geração, esse preconceito devido ao gênero era muito maior e a dificuldade para se inserir no mercado de trabalho foi muito grande. Hoje em dia, ele ainda existe, mas é mais sutil, devido a luta de tantas mulheres. Então, eu sempre falo para as minhas alunas, estudem, se capacitem, só assim vocês terão voz para discutir tecnicamente com quem quer que seja”, falou a professora Rochana.


Ganhando espaços

Segundo o Censo da Educação Superior do Inep de 2018 (o último disponível para consulta até o momento), dos formandos em cursos de graduação da área de Engenharia, Produção e Construção, 37,4% são do sexo feminino. Isso ainda indica que a maior parte dos prováveis ingressantes nesse mercado é composta por homens (se nós considerarmos que todos os recém-formados colocam a profissão em prática).

A engenheira civil, especialista em gestão ambiental, Frida Gomes, afirma que as novas engenharias que estão surgindo, a predominância tem sido de mulheres.

“Estamos fortes e conquistando nosso lugar nas engenharias. Um exemplo disso é o curso de Engenharia Ambiental onde a maioria dos alunos são mulheres. O mercado está se abrindo para nós profissionais e em alguns casos, as empresas determinam que 50% de seu quadro seja ocupado por mulheres”, explicou.

As mulheres passaram a ser uma mão de obra mais qualificada devido à persistência nos estudos e a presença de características como organização e atenção aos detalhes.

Eng. Civil Frida Gomes

De acordo com os dados da pesquisa “Perfil Ocupacional dos Profissionais da Engenharia no Brasil” realizada pelo Dieese, de 2003 a 2013 a porcentagem de engenheiras empregadas no Brasil cresceu 4%. Sendo assim, apesar de ainda não ter sido atingida real igualdade, percebe-se que as diferenças estão pouco a pouco diminuindo.