A Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel) lançou este mês o Anuário Estatístico de Acidentes de Origem Elétrica, que apresenta os os números referentes aos acidentes ocorridos em 2020, mas também alguns dados exclusivos de acidente de 2021, segmentados em diversos temas como: local, faixa etária, gênero, profissão, dentre outros.
Boa notícia: após anos de crescimento, o ano de 2020 mostrou uma redução no número total de acidentes de origem elétrica, caindo de 1.662 para 1.505 casos e representando uma queda de 8,97%. De acordo com o documento, uma parte deste recuo pode ser atribuído à redução das atividades devido à pandemia. Entretanto, ao analisar os números de acidentes fatais com choque elétrico, vemos uma redução insignificante de 697 para 691 casos. Isto liga o alerta para a necessidade de continuidade do trabalho da Abracopel, de conscientizar a população sobre os riscos que a eletricidade oferece e como evitá-los.
De acordo com o diretor-presidente da Regional AL da Abracopel, João Macário Netto, o recuo dos casos justifica o trabalho contínuo desempenhado pela instituição. “A pandemia de fato afastou muitos trabalhadores da rua e aumentou o home office, fator determinante para esta queda no número de casos. É um grande indício de que o trabalho tem que continuar, firme e forte, sem alterar o escopo dos esforços oferecidos pela associação. Temos trabalhado em conjunto com as entidades de classe e essa união de forças é importante para que as pessoas saibam e entendam a importância da Abracopel”, disse João Macário.
Complementando a diminuição de acidentes, a presidente do Crea-AL, Rosa Tenório, alerta a sociedade sobre a importância da contratação de um profissional habilitado pela entidade para executar serviços de risco elétricos.
“Precisamos instituir no cotidiano das pessoas que a contratação de um profissional é garantir segurança para quem contrata e para a sociedade próximo. Estamos ativo atuando na fiscalização do exercício ilegal da profissão. É muito bom contar com apoio das associações que servem com um braço do Crea-AL nesse papel educacional”, disse.
Detalhes
Do total de acidentes de origem elétrica registrados na atual edição do Anuário, 853 são por choques elétricos (56,79%), com 691 vítimas fatais (90,44%); 583 por incêndios por sobrecarga (38,81%), com 26 mortes (3,4%); e 66 por descarga atmosférica (4,39%), com 47 mortes (6,15%). Dos acidentes fatais, foram registrados 294 no Nordeste, 121 no Sudeste, 104 no Sul, 97 no Norte e 75 no Centro-Oeste.
Já os principais tipos de edificações ou logradouros em que essas mortes aconteceram são: rede aérea de distribuição (237); residência unifamiliar/casa (159); área rural (48); comércio/grande ou pequeno porte (38); residência unifamiliar/sítio, fazenda (35); rios/lagos/açudes (33); poste – área urbana/poste (28); área urbana (25); indústria (24); construção civil/acidentes internos (21).
Nordeste
Na região, Alagoas ocupa apenas o 20º lugar no ranking de mortes por choque elétrico, contabilizando 20 acidentes fatais, além de 19 ocorrências de incêndio por sobrecarga. A Bahia vem liderando o ranking de acidentes fatais com choque elétrico há anos, apresentando um número muito grande de acidentes dentro de casa, 40%, local onde teoricamente deveríamos nos sentir mais seguros, o que talvez seja consequência de instalações muito antigas e muitas delas nunca terem passado por uma revisão.
Prevenção
Embora ninguém deseje voluntariamente receber um choque, os números evidenciam um grande descaso ou até desconhecimento de princípios da elétrica, causando um número considerável de mortes que poderiam ser evitadas.
Seja ao construir ou reformar, a primeira medida de prevenção é sempre contratar profissionais capacitados. Boa parte dos acidentes vitimam os próprios moradores ou profissionais como pedreiros e pintores por imperícia nos procedimentos de dimensionamento, aplicação e manutenção.
A prevenção também depende de mudanças de hábito: jamais use matérias elétricos ‘piratas’, que não possuem qualquer certificação como o selo do Inmetro. Dispense gambiarras, adaptadores e extensões que podem provocar sobrecarga e assim aquecer os cabos a ponto de derreter o isolamento. Além de choques, isso pode provocar curtos-circuitos e originar incêndios.
Veja abaixo o evento completo que foi ao ar em 19 de março: