A engenheira de agrimensura, ex-conselheira do Crea-AL e professora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Juciela Santos, apresentou recentemente sua tese de doutorado com o tema “Mapeamento e Caracterização Geotécnica da Formação Barreiras no Município de Maceió, Alagoas”, fruto de uma pesquisa sobre o comportamento geotécnico dos sedimentos na capital alagoana.
“É quase um filho”, brinca Juciela. “Representa uma conquista depois de tantas lutas que tive durante esse doutorado de quatro anos. É um trabalho com todo potencial de servir de parâmetro para cidade, e que seja a primeira de muitas a serem desenvolvidas nessa linha de pesquisa”, disse.
A tese
O estudo trata do mapeamento geomorfológico, geológico e geotécnico da formação barreiras de quatro locais da cidade, dentre elas a Grota da Moenda e a Encosta do Mutange, com o objetivo de compreender a resistência a penetração dos solos na região. O trabalho foi orientado pelo professor pernambucano Roberto Quental Coutinho, presidente da Associação Brasileira de Mecânica dos Solos Engenharia Geotécnica (ABMS), e teve sua publicação aprovada pela Geotechnical and Geological Engineering, importante revista científica da área.
Juciela explica que o objetivo inicial, ainda em 2016, era apenas de desenvolver um estudo sobre recuperação de áreas de risco, mas foi surpreendida por outra realidade. “A intenção era encontrar soluções de engenharia para conter encostas, mas percebi que não haviam dados suficientes sobre o solo de Maceió. Foi quando tive que trocar de foco e o trabalho mudou”.
Em linhas gerais, essa é uma das mais antigas formações sedimentares do mundo, datada de cerca de 1,6 bilhão de anos, sendo a formação geológica mais expressiva da costa brasileira. Ela é composta por sedimentos mal consolidados, além de rochas friáveis como o arenito e o argilito, minerais que podem ser encontrados próximos de rios e lagos, como é o caso do Mutange.
“Fizemos a análise em profundidades diferentes para fornecer parâmetros mecânicos de resistência do solo, mesmo que iniciais, para que sejam usados de referência para qualquer obra de engenharia: desde análise de estabilidade de encosta até fundações, por exemplo. Com isso fizemos a distribuição de um banco de dados de 11 anos de sondagens, bem como toda a análise estatística a partir dele”, explicou Juciela.
A importância de seu estudo é evidente porque, além de ser capaz de fornecer informações sobre o ambiente geológico e climático, também pode identificar depósitos de minerais e recursos minerais valiosos.
“São dados importantes para que possamos ocupar os espaços na disponibilidade territorial que temos na parte alta. Isso sem contar a importância para a Engenharia Civil, especificamente”, afirma.
Trajetória
Juciela atualmente é professora do curso de graduação em Engenharia de Agrimensura do Centro de Ciências Agrárias (Ceca) da Ufal, e obteve seu mestrado na área de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) em 2012, sendo agora doutoranda da linha de Geotecnia no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da universidade pernambucana.
Ex-conselheira do Crea-AL, Juciela tem extensa experiência na área de Geociências, com ênfase em Cadastro Territorial Multifinalitário, Planejamento Territorial Urbano, Regularização Fundiária e Mapeamento Geotécnico em áreas de riscos Ambiental.