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Sustentabilidade e Inovação pautam debates na Ilha Contecc

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Compartilhando muito connhecimento na 79ª Semana Oficial da Engenharia e Agronomia (Soea), a Ilha do Congresso Técnico-Científico da Engenharia e da Agronomia (Contecc) destacou o papel importante do sequestro de carbono por meio do agronegócio, apresentando soluções inovadoras para mitigar os impactos das mudanças climáticas. Especialistas discutiram estratégias que unam produtividade e preservação.

O representante da Delgitec, eng. agr. Fernando Rodriguez, iniciou as discussões na Ilha Contecc com a temática sobre segurança hídrica no Brasil, ressaltando o desafio para o Brasil, “um país com vasto recurso hídrico, mas também com grandes desigualdades no acesso à água”. O palestrante abordou como o agronegócio pode ser um agente ativo tanto no provimento de água quanto no controle de excessos, propondo uma gestão integrada e sustentável.

Em seguida, a pesquisadora da Embrapa Cerrados, eng. agr. Ieda de Carvalho Mendes, abordou a relação da saúde do solo e as mudanças climáticas. A palestrante discorreu sobre a crescente demanda por alimentos, impulsionada pelo aumento populacional e pelas mudanças climáticas, que coloca a saúde do solo em uma posição crítica. “O solo, muitas vezes, é visto apenas como um meio de cultivo, deve ser compreendido como um superorganismo que, quando tratado de maneira inadequada, pode “adoecer””.  

Ieda reforçou que desde 2020, iniciou o projeto de bioanálise do solo, buscando compreender melhor sua saúde e a relação direta com a produção agrícola. “Solos saudáveis têm mostrado uma média de produtividade superior, refletindo a importância da resiliência no contexto atual”, disse. A engenheira finalizou abordando que a bioanálise de solo (BioAS) possui 4 tipos de laudos e que o Brasil está construindo o maior banco de solos do mundo com a coleta de 43 mil amostras.

Em um cenário em que a construção civil enfrenta pressão para reduzir suas emissões de carbono, a utilização da madeira engenheirada surge como uma solução inovadora e sustentável. Durante sua apresentação, o consultor especialista da PR2 consultoria, eng. Patrick Reydams, destacou como a madeira engenheirada pode ser integrada a projetos de habitação, contribuindo para a mitigação do efeito estufa.

A madeira engenheirada é processada industrialmente a fim de otimizar o seu desempenho para uso na construção civil. Inclusive pode ser utilizada como estrutura principal em edifícios e superando a concepção tradicional de madeira como material de apoio. A sua aplicação em empreendimentos em madeira é competitiva economicamente devido ao tempo de inovação, equipe enxuta, retorno ao aporte financeiro e a sustentabilidade. Apesar dos muitos benefícios, a utilização da madeira enfrenta barreiras como o fogo, cupim, desmatamento. No entanto, Patrick destacou que essas questões já estão sendo endereçadas com tratamentos em autoclave, tratamentos térmicos e barreiras físicas, garantindo a durabilidade e a segurança das construções.

Engenharia, Agronomia e Geociências e a prevenção de desastres

Complementando os insights sobre a relação da engenharia e sustentabilidade, profissionais renomados abordaram sobre o papel da engenharia e a prevenção de desastres. Em um contexto em que o crescimento urbano muitas vezes ocorre de forma desordenada, a professora titular do Instituto Militar de Engenharia (IME), eng. civ. Maria Esther Soares Marques, abordou os desafios e soluções para as áreas de baixada em uma palestra enriquecedora. As áreas de baixada, caracterizadas por sua topografia e suscetibilidade a alagamentos, enfrentam grandes desafios devido à ocupação descontrolada. A palestra enfatizou como a falta de planejamento urbano resulta em problemas sérios, como a degradação ambiental, enchentes frequentes e a precarização das condições de vida dos moradores.

O chefe de Ensino, Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do Exército, eng. mec. Armando Morado Ferreira, discutiu a importância da engenharia no ambiente de defesa e os desafios tecnológicos que o Brasil enfrenta para garantir sua segurança de maneira sustentável. Morado Ferreira iniciou sua apresentação abordando os desafios contemporâneos que vão além da proteção das barreiras terrestres. “Hoje, enfrentamos a necessidade de integrar novas tecnologias para garantir a defesa nacional”, afirmou. O engenheiro também destacou projetos significativos que visam fortalecer a segurança nas fronteiras brasileiras, como o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron).

Em seguida, o ex-presidente do Confea eng. civ. Henrique Luduvice abordou a fundamental contribuição do Sistema Confea/Crea na prevenção de desastres. Luduvice destacou a importância do diálogo entre os profissionais da engenharia e os diversos poderes públicos, ressaltando a necessidade de uma atuação proativa na busca por soluções sustentáveis para os desafios enfrentados pelo Brasil. Luduvice enfatizou que a engenharia tem um papel crucial na sociedade, especialmente em momentos de crise. “Precisamos ter a coragem de dialogar com os poderes e defender a engenharia nacional”, enfatizou.

Fechando o ciclo de palestras, o diretor da Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco (UPE), eng. civ. Alexandre Gusmão, trouxe à tona a urgente relação entre mudanças climáticas e riscos geológicos, destacando como esses fenômenos impactam as áreas urbanas. Gusmão iniciou sua apresentação enfatizando que 80% da população brasileira reside em áreas urbanas, caracterizadas por alta densidade demográfica e áreas reduzidas. “Essa realidade gera conflitos entre o meio físico e o meio antrópico, tornando as cidades vulneráveis a eventos climáticos extremos”, analisou. O palestrante também abordou o problema dos solos moles e aterros, que frequentemente apresentam grandes deformações. Para enfrentar esses desafios, Gusmão enfatizou que não há solução sem a implementação de obras estruturadoras, controle urbano e a participação efetiva da população.