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Falta de cultura energética agrava a crise no setor

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No Brasil, os problemas da geração de energia incluindo-se aí a concessão, venda, a compra ou mesmo um leilão emergencial, que se configura na escassez do suprimento por parte do governo federal, são definidos por Medidas Provisórias fazendo vista grossa para o Artigo 146 da Constituição Federal que exige que ações pertinentes ao sistema elétrico brasileiro sejam resolvidas por decreto.

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Na palestra ocorrida ontem à tarde (22.04), no auditório do Crea, em comemoração ao 124º (centésimo vigésimo quarto) Encontro da APREL – Associação dos Profissionais da Eletroeletrônica de Alagoas, promovido desde sua criação, o escritor engenheiro civil Geoberto Espírito Santos, um estudioso do sistema elétrico do Brasil, expôs os cenários da geração de energia, a falta da cultura energética e os perigos que estão à vista caso o governo brasileiro não tenha ideias que possam reverter a concepção de um modelo energético que a vida toda tem tirado proveito da grande disponibilidade de recursos hídricos. “Não está faltando água. O que falta é geração de energia”, afirmou.

Segundo o engenheiro, o modelo energético entrou no vermelho quando começou a pressão da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) em cima da competição comercial/industrial, forçando a evolução de tarifas, para poder pagar custos das térmicas, elevação que já vinha sendo feita desde o governo FHC, que renovou as concessões da geração de energia, o que é permitido pela Constituição por prazo superior a 20 anos, passando por Lula e Dilma e, se não fosse um sistema tão fechado, a crise não teria se estendido aos consumidores residenciais com o aumento de bandeiras tarifárias.  “O calor aumentou e o vilão na alta do consumo agora é o ar-condicionado”, ironizou.

PERDA DE DINHEIRO – Geoberto afirma que um kit pode baratear a energia: a integração eólica, biomassa, gás natural e diesel.  “O desempenho das usinas geradoras varia com a quantidade de reservatórios O governo perdeu, pelo fraco desempenho da geração hidráulica, no ano passado R$ 24 bilhões. A perda este ano pode chegar a R$ 30 bilhões, e cada vez mais o buraco entre o planejado e a operação do sistema vai se distanciando”, salientou.

E o perigo continua. “Se a demanda da energia elétrica for reduzida em 6% em relação a 2014, segundo o engenheiro, os reservatórios poderão chegar em novembro a 35%. Se nada for feito, há 21% de chance dos reservatórios ficarem abaixo de 10%. Se os reservatórios chegarem a 10%, é de 52% a probabilidade de ter que reduzir 12 megawatts de carga em 2016, o que vai encarecer ainda mais a conta para o consumidor residencial”, alertou Geoberto.

Na mesa dos debates estavam presentes o vice-presidente do Crea-AL, Dermeval Araújo de Lacerda, Alfredo Diniz, Coordenador Nacional da Câmara Especializada de Engenharia Elétrica,  Wilson Ciríaco, presidente da APREL e o conselheiro representante da APREL no plenário do Crea-AL, Geison Cavalcante Alves.